quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Acesso à Saúde


Um milhão de pessoas na capital paulista não têm acesso adequado à "porta de entrada" do sistema de saúde,
os postos municipais, que dão o primeiro olhar ao paciente por meio de clínicos-gerais e pediatras para depois
encaminhá-lo, se necessário, ao atendimento especializado.

O problema, verificado num levantamento da própria prefeitura, resulta em filas "silenciosas" --que reúnem
os que já desistiram de sair de casa devido às dificuldades de atendimento-- ou nas aglomerações que dobram
esquinas nos hospitais e postos e são a deixa para as promessas de campanha.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a partir do estudo foram identificados pelo menos 32 locais em
que os paulistanos demoram mais de 30 minutos para chegar a uma UBS (Unidade Básica de Saúde), o posto
municipal.

"Dentro do conceito com o qual estamos tentando trabalhar, isso significa que ele está descoberto. O correto é
que a unidade não fique a mais de 30 minutos de casa", diz o secretário municipal da Saúde, Gonzalo Vecina.
Nas palavras de Vecina, o 1 milhão de pessoas mal assistidas é um dos principais motivos para os problemas do
SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade serem, nesta eleição, a "bola da vez".

"Se você considerar ainda que 40% da população está nos planos de saúde, metade da população não usa [o
sistema] ou não tem acesso ao SUS. Como é que você pode achar que o SUS é bom?"
Segundo pesquisa Datafolha divulgada hoje, a saúde é a área mais criticada da cidade --para 26%, o
atendimento do setor é o principal problema da cidade. Em março, eram 9%.

Intervenção insuficiente

Para Vecina, o crescimento desordenado da cidade explica parte do problema. Além disso, afirma, o
desemprego levou a população ao SUS, pela impossibilidade de pagar planos de saúde.

"Existem muito boas explicações para o povo ter razão quando olha hoje para a saúde no município. A
intervenção foi insuficiente. Apesar dos 2,3 milhões assistidos pelo PSF [Programa Saúde da Família], isso foi
insuficiente para fazer frente ao crescimento acelerado da população da periferia e ao desemprego", continuou.

O PSF é um modelo que usa equipes com médico, enfermeiro, até dois auxiliares de enfermagem e até seis
agentes comunitários para fazer o atendimento básico de grupos de mil famílias. Em 2003, por falta de recursos,
a prefeitura diminuiu o ritmo do PSF.

O estudo que evidenciou a falta de acesso adequado ao sistema de saúde, segundo Osvaldo Donini, coordenador
do Centro de Informação da Secretaria da Saúde, só foi feito recentemente porque antes sua área não tinha
recursos como software de georreferenciamento e impressoras que pudessem reproduzir grandes mapas para a
análise.

A pasta não considerou as áreas de alto poder aquisitivo, em que há grande número de pessoas com planos de
saúde, e privilegiou a periferia.

Além dos 32 locais em que já se identificou a necessidade de mais postos --a maior parte coincidiu com
reivindicações do Orçamento Participativo-- foram projetados ainda outros três, prevendo-se o crescimento
populacional. Ainda não foram definidas as áreas em que devem ser erguidos." A revolução é garantir acesso.
Não existe revolução sem conseguir acesso. E que tenha como resolver os problemas de assistência decorrentes
desse primeiro contato", afirmou Vecina.

Adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u63662.shtml

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